A moça estava semi curvada e trabalhava ágil e
resoluta. Revirava e revolvia o lixo com precisão. Quando cheguei perto
levantou e baixou rapidamente os olhos, tal qual um obturador de câmera.
Nesse átimo de tempo em que nossos olhares se
cruzaram, pude ler suas pupilas. Não havia raiva,
mas esperança. Esperança de que? Talvez de encontrar alguma comida desprezada e
não pútrida.
Abria os sacos, procurava e voltava a fechá-los,
deixando-os mais organizados do que quando os encontrou, como se a sociedade
merecesse seus cuidados.
Levantou-se e partiu de cabeça erguida, à passos rápidos, com altivez e dignidade, me deixando em frangalhos.
A nossa triste realidade.
ResponderExcluirBelíssimo texto!
Sou teu fã!