quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Não foi bacana!
Para Ricardo Bauer Romero
Não foi bacana o dia de hoje,
tampouco, o modo como tudo se deu.
Não se espera da vida tão pouco,
nem que a morte seja tão muito.
Não há uma palavra amiga
que possa suprir um amigo.
E agora, o pulsar do coração
vai ter que se ver com a disritmia.
Porque o compasso saiu do passo,
porque num átimo de tempo,
o pulso cessou
e o riso escorreu de nossos dos lábios.
E tu que fostes bacana,
que te apropriastes de ser bacana,
partiu, à francesa.
Silente e sem despedidas.
Tínhamos histórias pra contar.
Pequenas, bobas, sacanas.
Tínhamos motivos à brindar,
E reencontros eternos a marcar.
Ah! Meu amigo Ricardo,
Há que se erigir um grande sorriso no ar,
não para disfarçar a nossa dor,
Mas, para lhe fazer justiça.
Você, o eterno sedutor de pessoas,
você que exalava carinho
e que, mesmo homem feito e pai,
viveu sempre como um bom menino.
Quantos Ricardos foram tão bacanas?
Não vamos admitir a dor.
Seria uma desonra à sua alegria.
Mas não, não foi bacana esse dia!
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Só que não!
Não veio, na veia, a adrenalina.
No pulso, a pressão nem se auscultava.
O verbo, esse sujeito sem predicados,
misturava-se com palavras de baixo calão.
E a vida já nem era
e nem havia sido.
Só não morreu
porque não tinha existido.
E teve tudo o que podia ter tido:
o nada e o vazio.
Só que não!
O baixo calão poetizou
e à margem das letras
se fez poesia marginal.
O sujeito se armou de verbo
e de consciência.
E encheu-se de predicados.
A velha veia já necrosada,
ousada, encheu-se de poesia,
reviveu e pulsou.
E a vida escorreu pelo resto da vida!
Só que não!
Poema para um dia triste
(Para Will Cavagnolli e João Ubaldo Ribeiro)
Um imortal morre,
o despertador, não completa a chamada.
de quebra, o ônibus silencia.
Não há dor sem glória anterior,
não há palavras quando o palavrador se cala,
não há movimento quando o tempo precisa enlutar.
E o momento precisa purgar o passado,
se despojar do presente e contemplar o futuro.
Há dias, em que a fotografia das palavras
só pode se despir da perspectiva.
Um imortal morre,
o despertador, não completa a chamada.
de quebra, o ônibus silencia.
Não há dor sem glória anterior,
não há palavras quando o palavrador se cala,
não há movimento quando o tempo precisa enlutar.
E o momento precisa purgar o passado,
se despojar do presente e contemplar o futuro.
Há dias, em que a fotografia das palavras
só pode se despir da perspectiva.
Aqui, Ali, Acolá
(para Cristiano Matos e Renata Lourenço)
Um aqui, no Ali,
outra acolá.
Uma cerveja Renata.
Um olho foca a cidade,
o outro, mais natural, Matos.
A banda está lá, no canto,
num lá lá lá lá, profundo.
que ora cala fundo,
ora grita, mudo.
Um rosto surge aqui,
o outro a colar nele.
Música, flash, contato, pele.
Bocas!
"Mais uma cerveja Renata, por favor!
Está quente por aqui!"
Por ali, também!
Um aqui, no Ali,
outra acolá.
Uma cerveja Renata.
Um olho foca a cidade,
o outro, mais natural, Matos.
A banda está lá, no canto,
num lá lá lá lá, profundo.
que ora cala fundo,
ora grita, mudo.
Um rosto surge aqui,
o outro a colar nele.
Música, flash, contato, pele.
Bocas!
"Mais uma cerveja Renata, por favor!
Está quente por aqui!"
Por ali, também!
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