terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Dona Lindu, uma mãe brasileira!

Bravos, muito bravos. Sim, estou falando dos políticos de oposição que acham que o filme “Lula, o filho do Brasil” e sua estratégia de lançamento, em ano eleitoral, devem favorecer a candidata do governo na próxima eleição presidencial.
Ontem, fui ver a pré-estréia, em São Paulo. O filme, que narra a trajetória da família Silva, desde o nascimento de Luis até a morte da genitora, é bom. Começando pela parte técnica.
A sonorização dá profundidade às cenas e ambienta o espectador. A fotografia é muito boa, com belas contraluzes redesenhando as personagens. O roteiro, linear, com alguns flashbacks ao longo do filme, é uma mescla de conto-documentário-biografia, tirando algumas risadas do público, (essas) alternadas com olhos marejados. A direção é cuidadosa e não tentar inventar. Peca, apenas, e só para olhares atentos, nos excessos cometidos em algumas cenas (o pai é o bêbado dos bêbados, o amor de Lourdes e Lula é o maior do mundo). Fica claro que é para marcar o contraponto e valorizar outras cenas, mais adiante.
O melhor do filme fica por conta das interpretações. O casting é muito bom e valoriza cada tomada. Desde os atores mirins, como os que fazem os amigos de Lula na adolescência e no sindicato. Destaques para Rui Ricardo (juro que estou tentando ser o mais isento possível) e Glória Pires.
Rui absorveu a personagem, sem caricaturá-la, mostrou carinho e emoção no olhar. Exibiu no discurso, a pulsação característica de alguém que acredita. Rui acreditou na sua personagem. E isso transcende a grande tela.
Já Gloria Pires, se despiu das vaidades características de quem vive no mundo da fama. Sua personagem é pura força, coragem e resignação. Para uma atriz que nunca flertou com o teatro (não precisa Glória, não precisa!), ela parecia que estava no proscênio, ainda que estivesse em segundo plano, na telona.
E essa força dos protagonistas é o mote do filme. O filme não trata de Lula. Pelo menos, não do político que conhecemos. O filme mostra uma relação entre mãe e filho. Dessas (relações) cheias de ensinamentos, compreensões, cumplicidades, orientações. Lindu e Lula são parceiros. Na dor, na vida, na coragem, no enfrentamento à pobreza e, principalmente, na teimosia. Os olhares entre ambos parecem dar toda a estrutura do filme.
Lindu é a mãe que todos nós conhecemos. Ela está ali, do outro lado da rua, contando seus trocados para dar o que comer aos filhos. Ela os segue com o olhar, sem perder nenhum de vista. Ela sabe o que precisa fazer e, resoluta, faz. Você a conhece. São milhares pelo país afora.
Então, quando você for assistir ao filme, e deve, dispa-se da figura do presidente e prepare-se para a dura história de uma brasileira.
Quanto aos políticos da oposição, eu dou a dica: Coloquem como candidata, uma entre tantas Lindus que existem por aí e, assim, trarão para sua campanha, qualquer suposto favorecimento. No mais, Bravo, Bravíssimo!

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