Vendi minha consciência a algumas doses
de whisky,
enquanto observava a moça da mesa ao lado.
Ela era tão bela.
E aquele rapaz ?
Beijava-a tão mecanicamente que me
causava ojeriza
Imaginar a disparidade entre o tal gesto
e o merecimento,
Entre a intenção e a, aparente,
casualidade.
E então, me descobri “ela”. Protestando.
“Como ousavas, esse insano,
me tratar como uma boca qualquer,
beijada assim, displicentemente?
Por que sua mão me tocava tão... tão sem
calor,
Sem pressão, sem transferências?
Por que sua atenção era desviada?”
E então, eu me dei conta que eu era ele,
agora.
Furioso.
Tentava beijar minha namorada,
Mas não podia deixar de perceber
o olhar insistente na outra mesa.
Visivelmente alcoolizado.
“Bêbado, filha da puta!” pensei.
E enquanto tentava esquecê-lo,
Flagrei-o piscando para ela.
Não me contive. Levantei, fui até ele
e dei-lhe um soco no olho.
O sol passou pela fresta da janela.
Minha cabeça parece querer explodir.
Não consigo relacionar os fatos.
Meu olho está inchado.
Devo ter batido em algum lugar.
Espero não ter feito bobagens.
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